terça-feira, 23 de dezembro de 2008

...apenas somos o que somos...

Não raras vezes nos apetece chorar quando temos que rir, não raras vezes nos apetece rir quando temos que chorar, não raras vezes nos apetece fugir quando temos que ficar ou ficar quando temos que fugir, não raras vezes nos apetece gritar quando temos que calar ou calar quando temos que gritar, não raras vezes nos apetece ficar junto de alguém e não podemos ou podemos mas não queremos, não raras vezes duvidamos de nós e acreditamos nos outros, não raras vezes nos apetece saltar, cantar, brincar e temos medo, não raras vezes nos apetece agarrar, puxar, beijar e não nos deixam, não raras vezes nos apetece dormir mas temos que acordar ou acordar mas temos que dormir, não raras vezes nos apetece dizer o que pensamos mas não dizemos ou dizemos sem pensar, não raras vezes magoamos quem gostamos, não raras vezes esquecemos de pessoas importantes, não raras vezes cometemos erros infantis, não raras vezes julgamos as pessoas quando não devíamos, não raras vezes somos intolerantes ou inflexíveis, não raras vezes o nosso orgulho ofusca a solução, não raras vezes ignoramos o amor, não raras vezes rejeitamos a ajuda de alguém, não raras vezes desconhecemos o nosso caminho, não raras vezes falhamos os nossos objectivos, não raras vezes perdemo-nos nas tentativas, não raras vezes não sabemos o que fazer.

Somos Humanos, imperfeitos, fracos e cobardes, somos desleais a quem nos merece lealdade, contamos mentiras a quem nos merece a verdade, jogamos com os sentimentos de quem gostamos e dificilmente conseguimos mudar isso.

Sem falsas justificações, sem falsos argumentos, sem falsas moralidades, procuramos a perfeição própria de cada um sabendo à partida que essa utopia representa muito pouco neste caleidoscópio de luzes e de sonhos, de vidas e sentimentos que representamos todos. O que mais desejo é a felicidade e esse caminho deve ser percorrido com severidade, calmamente, espontâneamente, consistentemente, verdadeiramente, pois só assim poderemos alcançar resultados duradouros, perenes e coerentes.

Obrigado pela contribuição que tens dado na minha jornada à procura da felicidade, sem ti, tudo seria diferente, sem ti, os degraus pareceriam maiores, o caminho mais longo, o tempo mais severo e a estrada mais sombria. Sem ti, os fantasmas tomariam conta da minha consciência e arrastariam-me para as profundezas do meu ser. Sem ti, a felicidade seria apenas mais uma ilusão...

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu Deus, que post esse... Como não haveria de muito me identificar eu com esta panóplia de contradições, sentimentos e pensamentos...
A nossa complexidade, aliada a qualquer ser humano, leva-nos também a reflectir sobre a nossa própria imperfeição.
Pessoalmente gosto de imperfeição pois tal estimula-me. Como poderíamos viver na perfeição, seria aborrecido de morrer...
Ao sermos assim, cheios de contradições, propomo-nos viver com intensidade, viver com outros com corpo e alma e entregar-nos a essa grande aventura, porque a imperfeição leva-nos a processos de construção interiores, mas também a grandes momentos em que esquecemos por instantes o que somos, fazemos algo de diferente, e aí atraímos novidades.

Por isso, sim, vamos ser seres complexos e apaixonados, de contradições, para não perdermos a fantástica habilidade de nos supreendermos a nós próprios...