domingo, 31 de janeiro de 2010

Confissão - A. B.

Vivo um drama interior.
Já nele pouco a pouco me consumo.
E de tanto te buscar,
Mas sem nunca te encontrar,
Sou como um barco sem leme,
Que perdesse o rumo,
No alto mar.

Da minha vida, assim,
O que vai ser nem sei!
Dias alegres houvesse...
E os dias são para mim
Rosas mortas de um jardim
Que um vendaval desfizesse.

Tenho horas bem amargas.
Eu o confesso,
Eu o digo.
E se tudo passa e esqueço,
Esquecer o teu perfil
É coisa que eu não consigo.

Sofro por ti. O frio do que morre
Amortalha a minha alma em saudade.
Atrás de uma ilusão a minha vida corre,
Como se fora atrás de uma verdade.

A Deus peço, por fim, o meu sossego antigo.
Não me persiga mais o teu busto delgado.
Passo os dias e as noites a sonhar contigo,
Na cruz da tua ausência estou crucificado.

A tua falta sinto. Não o oculto.
Ocultá-lo seria uma mentira.
Vejo por toda a parte a sombra do teu vulto,
Teu nome é para mim um mundo que me inspira.

E em hora derradeira,
Um dia, quando
A Morte vier,
E aos meus olhos chegar,
Eu não terei sequer, à minha beira,
Uns dedos finos de mulher
Que mos possam fechar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

360 graus

Faz tempo desde que andei por estes espaços pela última vez, não por vontade própria pois muito haveria por dizer mas sim devido à esperança! Essa mesma esperança que nos faz continuar a acreditar num futuro melhor! Mas também essa esperança que nos remete para um mundo de trevas muito maior do que se sem esperança vivêssemos. A esperança fez-me acreditar que tudo poderia ser diferente, que valia a pena tentar, que valia a pena esperar, que valia a pena ser, que valia a pena mudar. Joguei com o destino e... perdi! Perdi, brinquei como trapezista num trapézio sem rede e caí... Caí na armadilha, na artimanha, deixei-me perder em vãs esperanças e em sentimentos vazios e acabei por cair nas garras da decepção, da desilusão, da tristeza, do sofrimento, do desespero... Passei da felicidade à tristeza em milésimos de segundo, passei do amor à mágoa em centésimos de segundo, passei da memória ao esquecimento em décimos de segundo, passei do infinito ao vazio em segundos, morri em minutos… Perdoar, esquecer? Quanto tempo me vai levar? Ouvindo o cantar da minha Mafalda “...tento entender o rumo que a vida nos faz tomar, tento esquecer a mágoa, guardar só o que é bom de guardar!” Ai Mafalda, pergunto-te eu: como? Comum a todos nós, são as voltas que a vida dá! A minha deu uma volta de 360 graus e voltei ao ponto de partida sem receber a recompensa! E no ponto de chegada deste novo caminho, encontrei os velhos fantasmas à minha espera, a rirem, como se soubessem que iria voltar, como se me tivessem avisado que isso iria acontecer, como se pudesse evitar! Automaticamente, alguns apoderaram-se do meu corpo, mente e alma e lançaram-me ao poço dos desejos! E perguntaram o que eu desejava! A minha resposta provocou nova risada! Felicidade? Isso é para os tolos, crédulos e desocupados! E que posso esperar eu? Nada, não esperes, luta, conquista! Com que forças? Com que ilusão? Acredita, vais conseguir! Não foi isso que me disseram antes?

Tento encontrar o meu rumo, bato com a cabeça, ando às voltas, engano-me, volto atrás, sigo para a esquerda num caminho sem curvas, sigo em frente contra a parede, estou perdido! Clamo por ajuda mas ninguém responde, ninguém ouve o chamado, quem poderia? Apenas um certo alguém me poderia lançar a escada mas não consegue encontrá-la!

Tentarei avançar, grau a grau, um de cada vez, com medo de início, medo de arriscar, medo do desconhecido, medo do turbilhão de imagens e sons deste caleidoscópio da vida, mas percorrendo passos honestos, com objectivos definidos e coerentes, passos esses que me possam trazer à tona neste oceano de sentimentos onde me afundei.

Tento ultrapassar a dor, forte e inesperada, que arde dentro de mim e acreditar que na verdade, tudo será diferente! Esperança outra vez? Talvez a repetição faça alguma diferença: tudo será diferente! Tudo será diferente! Tudo será diferente! Tudo será diferente! E acreditar na frase: “Não fiques triste porque acabou, sorri porque aconteceu.”

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A vida é um jogo!

Não me perguntem que tipo de jogo, talvez de sorte ou azar, para quem acredita em sorte! A sorte somos nós que a fazemos, somos nós que a procuramos. O que é certo, é que na vida, umas vezes ganhamos outras perdemos, e por vezes até existem empates! Não existem é momentos em que ficamos indiferentes, não existem momentos em que nada acontece, não existem momentos em que nada percebemos, não existem momentos em que morramos sem antes ter vivido. Viver e morrer são duas constantes da vida, faz tanto sentido falar em morte como falar em vida e, se viver é um anseio partilhado, morrer é um fim evitado por todos. Temos tanto em comum! Mas a vida é um jogo, não sabemos o seu resultado, somente que temos que o jogar, queiramos ou não! Não raras vezes sem saber como fazê-lo, sem manuais ou livros de instruções, munidos apenas por instintos de sobrevivência e pela ténue linha entre o certo e o errado como fronteira para os nossos actos. Não raras vezes subimos montanhas quando bastava atravessar o túnel ou procuramos a porta secreta que nos levaria ao outro lado mas essa porta não existe. Não raras vezes, procuramos soluções interiores, soluções a problemas causados por nós. Na verdade, vivemos vendados durante toda a nossa vida, olhando para dentro, para nós próprios, para o escuro, para o vazio, sem perceber o que devemos fazer e como devemos agir. Não sabemos nada mas agimos como se fossemos senhores da razão, como se fossemos os donos da verdade. Criamos leis e regras artificiais baseadas na arrogância de humanizar um mundo que já existia antes do ser Humano. Alteramos a Natureza de forma a favorecer os objectivos e satisfazer as necessidades crescentes de seres egoístas, mesquinhos, estúpidos e ingratos. E desculpamo-nos, gerações mais tarde, com a triste verdade de que não sabíamos o que estávamos a fazer! Mas fizémos!

A vida é um jogo e o resultado? Estamos a perder...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Dúvidas

Dúvidas, quem as não tem? As dúvidas fazem parte do ser humano e naturalmente todos acabamos por ter dúvidas, alguns vivem com dúvidas durante grande parte da vida e eu duvido que venham a ter certezas. Certeza tenho de que ter dúvidas é normal. Mas e quando as dúvidas existem por culpa nossa, derivada dos nossos erros? O que devemos fazer? Nesse caso devemos tentar ao máximo corrigir esses erros e provar que tudo será diferente. Devemos alterar os nossos comportamentos e adquirir confiança em nós mesmos de forma a ganhar a certeza dos outros. Mas será suficiente? Não, nunca nada é! Ao saberes que tentaste com todas as tuas forças e que tens consciência daquilo que fizeste de errado tendo a certeza que não voltarás a entrar por esse caminho, poderás sentir que tudo o resto deixa de ser importante. Mas existem dúvidas, e essas dúvidas não permitem, com clareza, confiar no futuro de forma racional e perceber que tudo não passou de erros. Quem está imune ao amor? Para se viver sozinho e sem amor, ou se será um deus ou um monstro, o que seremos nós? Somos quem podemos ser, por vezes deuses, por vezes monstros! Na verdade, não somos nem uma nem outra coisa, mas somos as duas. Como poderá isso ser possível? É a nossa natureza de seres humanos. Erro, logo existo... Se existimos, e erramos, somos humanos. Somos falíveis, esquecemos, recordamos, sentimos, vivemos, morremos. Nada é eterno e o amor não o será concerteza! De duvida em dúvida, onde tudo isto nos vai levar? Porque continuamos a sofrer neste caleidoscópio da vida onde a felicidade está ao nosso alcance mesmo ao virar de uma esquina? Dúvidas, eu também tenho...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Razão vs. Emoção

Nem sempre o que o coração manda a cabeça faz. Por vezes temos que utilizar o nosso livre arbítrio, a nossa liberdade de escolha e tomar decisões que, mesmo sendo contrárias à nossa felicidade, parecem ser as escolhas acertadas. Existem decisões que não deveríamos ser obrigados a tomar nunca, existem outras que nunca se nos põem e existe esta! Por mais difícil que possa parecer eu posso afirmar que é mais ainda do que parece, por mais estranha que possa parecer eu posso confirmar que não gostaria de estar nesta posição, ninguém gostaria... Por mais que diga, seja o que for, nada pode evitar o desenrolar desta peça de teatro que se tornou a minha vida, qual Romeu e Julieta, onde o destino os terá privado da razão e os terá amarrado a uma tragédia incomensurável. Nos dias de hoje, não existem mais Romeus e Julietas ou Carochinhas, existem apenas as nossas emoções soltas neste caleidoscópio de vida, de luz e de sonhos que vivemos intensamente como se de uma tragédia verdadeira se tratasse. E a tragédia tem apenas um enredo, e tem apenas um personagem e tem apenas uma solução. A solução e a decisão são tomadas em comunhão entre a razão e a emoção mas para que lado a balança penderá? Serão essas duas instâncias inimigas, contraditórias, opostas? Não poderá haver um determinismo oculto por entre tudo o que vivemos? Ser ou não ser, eis a questão...

Revolução

... A vida tem mesmo destas coisas, tanto nos faz feliz quanto nos faz sofrer. A mesma causa, efeitos opostos. Nada nasce, nada morre, nada se perde mas tudo se transforma. Somos filhos da mesma massa emergente que um dia o acaso juntou e por isso o conhecimento/desconhecimento sobre nós e sobre o outro nos impele a esta vida estranha de procura constante mas regra geral infrutífera. O verdadeiro momento de felicidade reside em saber aproveitar os pequenos momentos criados diariamente mas, e quando isso não chega...? E quando buscamos mais...? E quando sabemos que podemos ter mais...? E quando precisamos de mais...? A vida tem mesmo destas coisas...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Castelos de areia

Não sou particularmente efusivo em relação ao Natal pois não me revejo nas incoerências que esta quadra representa. Na minha perspectiva, não deveria existir uma época do ano onde as pessoas tentam ser boas, tentam ser positivas, alegres, cumprimentam-se umas às outras, desejam felizes festas, andam com um sorriso fácil, juntam-se em comemorações, fazem fartos jantares, despendem rios de dinheiro, entre outras atitudes características. Na minha opinião o Natal não transmite a verdadeira mensagem a quem o vive, a mensagem de esperança, de união, de verdade, de amor, de comunidade, de paz. Seria bom que pudéssemos usufruir de um verdadeiro espírito de Natal, não somente nesta quadra, mas durante todo o ano. Seria bom que todas as boas acções praticadas durante este tempo tivessem repercussão e seguimento mais tarde. Seria bom que o nosso comportamento para com os demais não ruísse como um castelo de cartas, um castelo de areia após este tempo festivo. Seria bom que perdurassem os sentimentos nobres e que fosse possível que cada um de nós desse tudo o que de bom possui no seu interior. Seria bom que não fosse necessário fazer este alerta.

É lembrando-me dos mais necessitados, daqueles que não se conseguem defender, daqueles que não têm um lar, daqueles que não têm uma refeição, daqueles que não têm liberdade, daqueles que não têm amor, daqueles que não têm paz que deixo esta mensagem a todos:

Bom Natal e bom ano de 2009.

Procurem ser felizes e partilhem essa felicidade com os outros na esperança de trazer mais alegria a este mundo. Tentem colorir este caleidoscópio da vida pois as suas cores transmitem todas as emoções e sentimentos que precisamos. Sejam aquilo que querem pelo menos durante um breve momento das vossas vidas. Sonhem com aquilo que pretendem alcançar no vosso futuro. Exercitem a vossa consciência com pensamentos positivos e centrem-se apenas na vossa felicidade. Eliminem a inveja e ansiedade de dentro dos vossos corações. Facultem aos outros momentos de prazer e beleza. Digam sim. Sorriam. Amem.