terça-feira, 26 de janeiro de 2010

360 graus

Faz tempo desde que andei por estes espaços pela última vez, não por vontade própria pois muito haveria por dizer mas sim devido à esperança! Essa mesma esperança que nos faz continuar a acreditar num futuro melhor! Mas também essa esperança que nos remete para um mundo de trevas muito maior do que se sem esperança vivêssemos. A esperança fez-me acreditar que tudo poderia ser diferente, que valia a pena tentar, que valia a pena esperar, que valia a pena ser, que valia a pena mudar. Joguei com o destino e... perdi! Perdi, brinquei como trapezista num trapézio sem rede e caí... Caí na armadilha, na artimanha, deixei-me perder em vãs esperanças e em sentimentos vazios e acabei por cair nas garras da decepção, da desilusão, da tristeza, do sofrimento, do desespero... Passei da felicidade à tristeza em milésimos de segundo, passei do amor à mágoa em centésimos de segundo, passei da memória ao esquecimento em décimos de segundo, passei do infinito ao vazio em segundos, morri em minutos… Perdoar, esquecer? Quanto tempo me vai levar? Ouvindo o cantar da minha Mafalda “...tento entender o rumo que a vida nos faz tomar, tento esquecer a mágoa, guardar só o que é bom de guardar!” Ai Mafalda, pergunto-te eu: como? Comum a todos nós, são as voltas que a vida dá! A minha deu uma volta de 360 graus e voltei ao ponto de partida sem receber a recompensa! E no ponto de chegada deste novo caminho, encontrei os velhos fantasmas à minha espera, a rirem, como se soubessem que iria voltar, como se me tivessem avisado que isso iria acontecer, como se pudesse evitar! Automaticamente, alguns apoderaram-se do meu corpo, mente e alma e lançaram-me ao poço dos desejos! E perguntaram o que eu desejava! A minha resposta provocou nova risada! Felicidade? Isso é para os tolos, crédulos e desocupados! E que posso esperar eu? Nada, não esperes, luta, conquista! Com que forças? Com que ilusão? Acredita, vais conseguir! Não foi isso que me disseram antes?

Tento encontrar o meu rumo, bato com a cabeça, ando às voltas, engano-me, volto atrás, sigo para a esquerda num caminho sem curvas, sigo em frente contra a parede, estou perdido! Clamo por ajuda mas ninguém responde, ninguém ouve o chamado, quem poderia? Apenas um certo alguém me poderia lançar a escada mas não consegue encontrá-la!

Tentarei avançar, grau a grau, um de cada vez, com medo de início, medo de arriscar, medo do desconhecido, medo do turbilhão de imagens e sons deste caleidoscópio da vida, mas percorrendo passos honestos, com objectivos definidos e coerentes, passos esses que me possam trazer à tona neste oceano de sentimentos onde me afundei.

Tento ultrapassar a dor, forte e inesperada, que arde dentro de mim e acreditar que na verdade, tudo será diferente! Esperança outra vez? Talvez a repetição faça alguma diferença: tudo será diferente! Tudo será diferente! Tudo será diferente! Tudo será diferente! E acreditar na frase: “Não fiques triste porque acabou, sorri porque aconteceu.”

3 comentários:

Princesa Canela disse...

A dor será um mal necessário, talvez. Mas não serve de argumento para desistir, porque precisamente,a pureza, a verdade, são maiores e mais fortes. O erro é nosso, que esperamos ser recompensados pelas boas condutas. Depois de alguns pontapés da vida, e das cicatrizes que não me deixam esquecer as lições, percebi que o objectivo não é alcançar qualquer coisa a que se chama felicidade, o objectivo é caminhar pelo trajecto que escolhemos, independentemente de onde nos leve.
A pureza no coração não é uma promessa de alegria ou sequer paz, mas é um compromisso com a verdade.

Stay pure, my friend. =*

Nuno disse...

Ando perdido, reconheço, por isso tudo o que puder ser útil para reencontrar o caminho, vou tentar utilizar como forma de sobreviver a este desvario de sentimentos. No entanto, caminhar por caminhos sem saber onde nos vai levar parece-me a mim um tanto ou quanto arriscado! Se pretendes dizer que devemos viver sem estar agarrados a nada, deixando-nos ir livremente ao sabor do vento e esperar o que será nosso por direito, nesse caso, por vezes, até é bom que assim seja. Por outro lado, tenho por hábito criar expectativas demasiado irrealistas sobre eventos futuros, expectativas essas que não raras vezes se tornam impossíveis de atingir com o desenvolvimento da vida. Tenho que alterar esse aspecto pois é mais um factor de sofrimento e desilusão a somar aos muitos que não conseguimos evitar. Obrigado pelo comment e espero que consigas o que procuras.

Quanto à pureza, não te preocupes, não é opção ou escolha, é um viver e sentir inconsciente que se me impõe!!!

Bjs

Princesa Canela disse...

Correr riscos pode ser uma coisa muito boa. O que quero dizer é que o objectivo não está no fim da viagem, no destino final, mas é antes a própria viagem, com todas as curvas e obstáculos,as flores nas bermas eos raios de sol.
Conheço bem essa sensação de expectativas goradas, e a falta de norte. Mas sei que vais encontrar o teu caminho iluminado. Beijo.