sábado, 6 de setembro de 2008

Até amanhã!

Desde crianças enfrentamos uma realidade que se apresenta perante nós sem qualquer escolha, quando chegamos já o comboio encontra-se em andamento e muitas vezes acabamos por perder o barco. Por essa altura, ainda não temos forças pra lutar e não saberíamos escolher as nossa posições. As nossas experiências vão sendo criadas na maior escuridão que existe, a escuridão de que falo é a ignorância, o desconhecimento. Sem saber bem o que fazer, acabamos por fazer algo, nem sempre o correcto e muitas vezes fazemos o que alguém nos aconselha. É certo que alguma coisa acabaria por sair do meio dessa confusão, e sai. Sai um ser humano com cabeça, corpo e membros. Mas, com o tempo, o corpo começa a pagar o preço exigido por uma vida de tentativas e erros, por uma vida de constante indefinição, por uma vida de contrastes, por uma vida limitada a coisas e ilimitada a outras. Mas o que é mais importante, é o preço que a nossa cabeça paga. O medo, angústia, desespero, indiferença, inveja, intolerância, a ansiedade, ciúme, raiva, dor, insegurança, a moral, as desilusões, tristezas, ausências, distâncias, saudades, a solidão, tomam a nossa alma de assalto e destroem o que temos cá dentro com uma violência e eficácia nunca antes experimentada. Tal como uma explosão nuclear, a nossa cabeça entra num cogumelo de emoções e sensações difíceis de controlar e é nesse momento que se instala a depressão. E é nesse momento que nos sentimos como num pântano, sozinhos na escuridão, a ser sugados devagarinho, a vida toda a desaparecer, não conseguimos pensar em nada e só sabemos uma única coisa: ninguém nos virá salvar porque ninguém sabe que estamos lá... E nesse momento que sentimos a vida esvair-se por entre nós é que nos sentimos incapazes e sem forças para tentar lutar contra os demónios da nossa cabeça. Eles estão lá, não os vemos mas sentimos. Não pedimos ajuda porque não temos a quem, ou quando pedimos não obtemos nenhuma resposta adequada. E só nos resta lutar sózinhos, sem forças, apenas lutar, quase por instinto. E cada dia que passa é mais uma vitória... Parabéns, somos todos campeões, somos todos vencedores... Até amanhã!

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem, ao ler esse post, lembrei-me daquelas fases de vida em que tudo nos cai em cima, que os acontecimentos se sucedem uns aos outros, não deixando espaço para resolver nada, em que nos envolvemos por um sentimento avassalador de dor, de impotência, de raiva e, claro, de tristeza, em que pensamos que nada nunca irá passar, que iremos ficar submersos nesta dor que é tão profunda que se assemelha bastante a uma dor física.
Estes momentos relembra-nos que estamos vivos e que, se muitas vezes nos deparamos com eles, é porque estamos a aproveitar esta fantástica viagem que é viver.

Estive uma vez com uma amiga minha, com quem não estava há algum tempo. Perguntando por novidades, ela responde-me que a sua vida é uma seca.
Esta afirmação chamou-me bastante a atenção. Realmente, ela até poderá não passar por situações desagradáveis, já que nada lhe acontece, poupando-se a reais momentos de desespero e de perda, no entanto,poderá ela evoluir pessoalmente? será possível crescer?
Ao estarmos em contacto com as nossas emoções mais primárias e com aqueles sentimentos que existem nas entranhas do nosso ser, melhor nos iremos conhecer, e mais autênticos nos iremos tornar.

Ao viver a vida com toda a sua plenitude, nós devemos nos convencer que tudo faz parte, e que ao entregar-nos desta forma a esta experiência, que pode completamente louca e avassaladora, tudo nos acontece, o bom e o mau, mas viver à metade não é viver, porque a dor transfoma-nos e faz-nos crescer, para depois podermos ser felizes de uma forma audaz e aventureira.